
Segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), no Brasil 720 milhões de copos descartáveis vão para o lixo todos os dias e, em média, uma pessoa consome 4 copos descartáveis por dia. Um estudo da WWF apontou que o Brasil é o quarto no mundo todo no ranking dos países geradores de lixo plástico e um dos que menos recicla, com apenas 1,28% do lixo passando por processos de reciclagem.
Um copo descartável pode levar até 400 anos para se decompor, isso significa que todo o lixo gerado pela cultura do consumo único e da economia linear tornará a nossa casa, o nosso único lar quase inabitável, sem mencionar as catástrofes ambientais como poluição dos mares e morte da maioria das espécies de nossa fauna.
Felizmente, canudos, sacolas plásticas, copos e outros itens descartáveis começam a ter sua distribuição proibida no Brasil através de leis municipais e estaduais, um avanço importante para a conscientização por um mundo com menos lixo e pela mudança da cultura de consumo atual em que quase tudo é descartado, uma economia linear de produção, uso e descarte.
A notícia mais recente é da cidade de São Paulo, onde foi proibida a distribuição de pratos, copos, talheres, mexedores de bebidas e suportes para balões. A lei sancionada em janeiro de 2020 determina que hotéis, restaurantes, bares e padarias, entre outros estabelecimentos comerciais se adaptem até 2021 passando a substituir os descartáveis por biodegradáveis, compostáveis e/ou reutilizáveis para promoção da reciclagem correta e da economia circular.
E por que defender uma nova cultura de consumo ao invés do simples incentivo ao descarte adequado e à reciclagem? Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que 13% dos resíduos sólidos urbanos do Brasil não são destinados de forma correta à reciclagem. Os dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) apontam uma situação ainda mais grave: apenas 3% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil são reciclados.
Escassez na coleta seletiva e de locais para receber os resíduos e falta de informação da população são fatores que resultam em um problema que, em termos econômicos, tem feito o Brasil perder cerca de R$ 120 milhões ao ano por não reciclar o lixo sólido, segundo reportagem do jornal O Tempo.
Mas para termos bons frutos vindos desses avanços, é importante que haja a conscientização da população sobre o impacto negativo dos plásticos de uso único na natureza e até mesmo para a saúde humana. A proibição desses itens deve ser atrelada ao diálogo, a acessibilidade do debate e ações que integrem a sociedade na mudança. Afinal, embalagens e mais embalagens de talheres, pratos e copos descartáveis ainda serão vendidas em diversos estabelecimentos. É preciso que o debate e a cultura do reuso, do reparo e da reciclagem correta, ou seja, uma cultura de consumo circular, se torne muito mais forte e acessível do que oferta e a demanda desses produtos.
Acreditamos que a criação de uma nova cultura de consumo consciente e não dependente apenas da reciclagem para uma realidade mais sustentável é o caminho para um mundo com menos lixo!
Fontes: Jornal O Tempo: Brasil perde R$ 120 bilhões por ano ao não reciclar lixo [16/01/2017]
Ellen MacArthur Foundation: Economia Circular
WWF BRASIL: Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico [04/03/2019]
Portal G1: Covas sanciona lei que proíbe estabelecimentos de fornecer utensílios plásticos descartáveis na cidade de SP [13/01/2020]