Importar lixo? O retrocesso ambiental que não podemos aceitar
Por: Time de Marketing | Categoria: Impacto ambiental | Palavras-Chave: Economia circular, Redução de resíduos, Sustentabilidade urbana, Reciclagem no Brasil, Logística reversa, Meu Copo Eco, Sustentabilidade

O artigo foi escrito a partir das reflexões do nosso fundador Martin Joufflineau , francês de coração brasileiro, pai de 2 e especialista em sustentabilidade.
Na manhã seguinte à Páscoa, enquanto ainda refletíamos sobre renovação, foi publicado o Decreto 11.926/2024, que autoriza a importação de resíduos sólidos para uso industrial no Brasil. A notícia caiu como um balde de água fria em quem, como nós da Meu Copo Eco, trabalha há anos pela redução da geração de resíduos e pelo fortalecimento da economia circular no país.
Por que importar lixo, quando ainda enterramos riqueza?
O Brasil gera mais de 82 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), e a taxa de reciclagem desse montante é baixíssima. Isso significa que a grande maioria dos resíduos vão parar em aterros, lixões ou no meio ambiente, muitas vezes sem o tratamento adequado. Esses dados não apontam para a escassez de materiais recicláveis no Brasil – muito pelo contrário. Eles mostram o quanto ainda podemos avançar dentro do nosso próprio território.
Além disso, mais de 1 milhão de brasileiros vivem da coleta e separação de recicláveis, entre cooperados e catadores autônomos. São famílias inteiras que dependem da reciclagem como meio de sustento e que constroem, diariamente, um pilar fundamental da sustentabilidade urbana no Brasil. Importar resíduos é uma ameaça direta a essas pessoas e à cadeia da reciclagem nacional, ainda tão carente de investimento, infraestrutura e valorização.
Um retrocesso que vai na contramão do que defendemos.
Na Meu Copo Eco, trabalhamos há mais de 10 anos com produtos reutilizáveis e soluções para eventos e empresas que desejam reduzir o descarte de copos plásticos e outros itens de uso único. Promovemos educação ambiental, consumo consciente e economia circular, alinhados com os princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e da Política Nacional de Economia Circular (PNEC), que visam reduzir a geração de lixo e priorizar a reutilização e a reciclagem local.
Trazer resíduos de fora — mesmo que para uso industrial — fere diretamente essa lógica. Em vez de investir em tecnologia, logística reversa e infraestrutura para reaproveitar o que já descartamos no país, o decreto abre as portas para um caminho perigoso: o de nos tornarmos destino de resíduos industriais internacionais.
Que mensagem o Brasil envia ao mundo às vésperas da COP30?
Como país-sede da próxima Conferência do Clima da ONU, a COP30, que acontecerá em Belém do Pará em 2025, o Brasil deveria liderar pelo exemplo. Mostrar ao mundo que é possível crescer com responsabilidade, cuidar da biodiversidade e inovar em soluções locais. Importar lixo não é inovação, é regressão. E é também uma contradição com o que dizemos defender internacionalmente.
Queremos menos lixo, mais diálogo e mais ação!
Esse decreto precisa ser amplamente debatido com todos os setores: sociedade civil, setor produtivo, movimentos de catadores, especialistas em meio ambiente e o poder público. Qual o real interesse por trás dessa liberação? Que tipo de resíduo será importado? Quais países querem enviar seus resíduos ao Brasil? E quem se beneficiará disso?
Não há sustentabilidade sem participação e transparência.
Como empresa comprometida com o futuro, queremos reforçar que o melhor lixo é o que não se gera. Reduzir, reutilizar, repensar — essas são as palavras que devem guiar o presente se queremos garantir um planeta mais justo e habitável para as próximas gerações.
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